segunda-feira, 30 de julho de 2007

DATAÇÕES


Saudações, senhoras e senhores.

Na arqueologia existe um conhecimento que deve ser de domínio de todo e qualquer arqueólogo: a datação. Sua importância transcende qualquer conceito já utilizado pois ele é utilizado, a todo e qualquer momento, e de várias maneiras diferentes.

A datação apresenta-se de duas formas:
a) A datação relativa e;
b) A datação absoluta.

A Datação Relativa é (e deve ser sempre) de domínio de qualquer arqueólogo/historiador. A datação relativa acontece quando, deparando-se com a necessidade de localizar algo/alguém num plano cronológico, o especialista (arqueólogo e/ou historiador) lança mão de informações fornecidas pelo próprio ambiente ou objeto descoberto.
Ex: No primeiro semestre de 2006, no Parque das Dunas, localidade litorânea protegida pelo exército do Rio Grande do Norte, foram encontrados vários fragmentos de cerâmicas indigenas, vidro temperado e faiança. Observando as caracteristicas das cerâmicas indigenas, juntamente com os vidros e faiança, o grupo compreendeu que poderia tratar-se de um sítio de encontro. A determinação da localização temporal daqueles fragmentos, por sua vez, está vinculada ao tipo de local onde fora encontrado (muito distante da parte habitada), os sinais presentes e/ou auxentes (não havia sinais de fogueiras nem qualquer sinal de habitação) e a própria natureza do que foi descoberto. Numa análise superficial, embora embasada em conhecimentos históricos e arqueológicos, o especialista deste grupo concluiu que aquele sítio fora, dentro do séc. XVIII, um local utilizado por contrabandistas para a descarga de suas mercadorias. Então compreende-se que é com base nos conhecimentos históricos e arqueológicos que se faz uma datação relativa, ou seja, ela é precisa dentro de alguns termos e condições que não são absolamente precisas.

A Datação Absoluta é, em termos gerais, muito mais confiável do que a relativa, devido à cientificidade que permeia a obtenção das informações cronológicas. Este tipo de datação é obtida através de diferentes tecnicas, e estas irão variar conforma o objeto a ser analizado. Para cada tipo de objeto há um determinado tipo de teste que irá dizer a sua origem dentro de um palno cronológico.
Ex: uma equipe de arqueologia descobre, numa região qualquer do Brasil, a ossada de um Homo sapiens, jutamente com cacos de cerâmicas. Imediatamente um especialista dirá que "de acordo com as teorias mais comumente aceites entre os antropólogos actuais, o Homo sapiens teve origem nas savanas da África entre 130.000 a 200.000 anos atrás, descendendo do Homo erectus, e terá colonizado a Eurásia e a Oceania há 40.000 atrás, colonizando as Américas apenas há 10.000 anos", de modo que aquela ossada não terá mais do que 10 ou 12 mil anos e isto é, então, uma Datação Relativa. A Datação Absoluta será realizada com base em testes realizados com a estrutura atômica da ossada encontrada. Realizando um teste de Carbono 14, descogre-se que este indivíduo viveu há aproximadamente entre três mil anos. Outro teste, diferente do teste de Carbono 14, é realizado com fragmentos das cerâmicas encontradas e o resultado aponta uma datação um pouco diferente - cerca de cinco mil anos. Como o resultado é baseado em informações obtidas da própria estrutura atômica dos objetos encontrados, então esta datação é tida como absoluta: sua datação possui grande precisão e diminuta margem de erros.

Existem diferentes modos de se fazerem datações, sejam elas relativas ou absolutas, todavia, elas fornecerão apenas informações mais confiáveis, mais precisas e, é claro, estas informações nada mais são do que peças mais ou menos importantes do grande quebra-cabeças que é o estudo sobre um achado arqueológico. Outros fatores podem alterar a confiabilidade destas datações, bem como confirmá-las. A datação é importante, mas muitos outros fatores pesam na balança na hora de fazer uma afirmação sobre a natureza de um achado. Quanto maior for a quantidade de informações que apontam para uma determinada conclusão, mais sólida ela é aos olhos da ciência.

A datação é uma técnica que engloba outras tantas técnicas. O arqueólogo não possui a obrigação de tornar-se um expert em física e/ou química para poder fazer datações absolutas, principalmente quando há laboratórios competentes que disponibilizam este serviço, mas quanto à datação relativa, a qual envolve conhecimentos históricos, esta é fundamental a todo e qualquer arqueólogo e/ou historiador sério que dedique-se à ciência da qual faça parte.

Dentro da arqueologia, bem como da própria história, o conhecimento nunca é demais.

IMAGEM: mapa da provável migração dos Homo sapiens.

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