terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Em "Notícias de Jipeiros"

FONTE: Notícias de Jipeiros n° 585/2007, de segunda-feira, 10 de dezembro de 2007.

Expedição também ensejou pesquisas arqueológicas

Até baixa-verdenses que se dedicam a estudar em profundidade seu município se surpreenderam ontem com revelações de cunho antropológico e arqueológico que vieram a público graças à visita que jipeiros fizeram a João Câmara, graças à presença, no comboio, dos professores Walner Spencer e Henrique Rodrigues, presidente e diretor, respectivamente, da Sociedade Norte-rio-grandense de Arqueologia e Meio Ambiente (Sonarq).

Tão logo chegaram à fazenda do advogado, escritor e ex-prefeito Aldo Torquato, que recepcionou os integrantes da caravana com o café da manhã e serviu-lhes de cicerone durante toda a permanência em João Câmara, Spencer e Henrique se separaram do grupo e passaram a caminhar pelas cercanias. Quando retornaram, asseguraram ter encontrado a poucos metros da casa grande da fazenda pequenos instrumentos que remontariam à presença dos índios Tapuias na região.

INSCRIÇÕES RUPESTRES

O impacto do depoimento de Spencer sobre a riqueza arqueológica de João Câmara foi ainda maior quando ele e Henrique começaram a falar sobre a presença de inscrições rupestres na região. Aldo admitiu que não conhecia a respeito, mas informou que uma monografia acadêmica produzida por uma antropóloga que havia estudado a comunidade dos Mendonça, na localidade de Amarelão, destaca a existência de inscrições rupestres na área. O livro em questão, avançou, seria lançado nesta segunda-feira, 10, em plena comunidade que a cientista pesquisou, para depois chegar a Natal.

Adiante, enquanto o “miolo” do comboio cuidava da coleta de amostras d’água no açude Pedra D’água, parcialmente salinizado há alguns anos devido a uma conexão errada que lhe impingiram com um outro reservatório da região, Spencer e Henrique se afastaram, a bordo do Land Rover Defender 110 pertencente ao engenheiro aeronáutico Levy Pereira, presidente do Natal Land Clube, para irem conhecer espaços naturais que mencionaram como “tanques”, dos quais tinham ouvido falar em Natal e onde, segundo lhes constava, havia inscrições rupestres.

FUGINDO DOS POTIGUARES

Na localidade do Amarelão, depois de ouvir depoimentos sobre as origens dos moradores locais, conhecidos como “Mendonça”, Spencer discorreu durante bom tempo sobre como os Tapuias se instalaram no sertão do Rio Grande do Norte como fugitivos dos Potiguaras, índios que preferiam o litoral. Diferentemente destes, que eram agricultores, os Tapuias eram caçadores. Esta característica explica a presença na região, ainda hoje, de instrumentos de caça feitos com pedra.

Ele salientou que, ao lado de todos os investimentos em curso na busca de sustentabilidade para o desenvolvimento dos Mendonça, é imprescindível que se promova um grande trabalho capaz de devolver a auto-estima desse povo. Impressionando-se ao vê-lo expor uma questão fundamental para os Mendonça, professoras que atuam na organização social do grupo pediram-lhe para voltar ao Amarelão a fim de proferir palestra para a população local. Elas querem, que, se possível, Spencer faça um trabalho mais perene em busca do amor dos Mendonça à sua etnia.

Spencer transmitiu ainda mais informações a respeito da presença dos Tapuias em João Câmara quando Aldo Torquato o entrevistou num programa que apresenta semanalmente na rádio AM Baixa Verde, o “Prá Frente João Câmara”, mostrando que esses índios seria os remanescentes dos pioneiros do povoamento humano na região. Elos cálculos de Spencer, os Tapuia deveriam estar no território da atual cidade de João Câmara pelo menos trezentos anos antes de o colonizador português chegar ao Brasil.



Walner Barros Spencer, presidente da SONARQ, e Leo Sodré, presidente do Land Club, em um dos estúdios da Rádio Baixa Verde, ao vivo, falando sobre o comboio que contou com a participação de jipeiros, arqueólogos, jornalistas e com uma equipe do IGARN.


Visão do estúdio onde os convidades falavam ao público vista do estúdio onde a transmição é gerenciada: coisa de louco...


Visão frontal da Rádio Baixa Verda: os integrantes do comboio, após o programa, partem em direção ao ponto de encontro para o almoço.