segunda-feira, 30 de julho de 2007

A Arqueologia na Prática



O trabalho de um arqueólogo possui várias facetas e cada uma delas possui várias etapas.

A arqueologia não é uma ciência única e exclusivamente de campo. As atividades não se resumem em escavações e, ao contrário disto, a maior parte das atividades arqueológicas, por incrível que possa parecer, acontece antes e depois de uma inspeção, quer seja num escritório, quer seja num cômodo ou mesmo na varanda de uma casa.

Antes de uma visita, a qual denominamos de "diagnóstico arqueológico", o arqueólogo responsável e/ou encarregado da pesquisa, juntamente com sua equipe, deve coletar as mais diversas e diferentes informações sobre a região a ser inspecionada. Dentre muitas coisas observadas, podemos destacar alguns itens básicos:

a) A natureza da região visitada e certos aspectos geográficos como relevo, clima, vegetação e hidrografia;
b) A possível proximidade com outros sítios arqueológicos existentes na região e/ou arredores.
c) O nível de ocupação e/ou intervenção humana (moderna/contemporânea) existente na área a ser visitada;
d) Informações históricas;
e) Vias de acesso à área em questão;
f) Fatores diversos de representem alguma relevância ao estudo da área.

Logicamente que existem variantes, pois a arqueologia é dinâmica e seus meios e mecanismos irão variar sempre que variarem os objetos de estudo, suas localidades e seus agentes, entre outros fatores de igual importância. O que não irá variar, em hipótese alguma, é o cuidado que o arqueólogo e sua equipe devem ter ao se preparar para a execução da atividade arqueológica. Conhecer o máximo possível a região a ser visitada significa saber apontar onde há maior probabilidade de se encontrar o que se espera encontrar. Conhecer a região em seus mais diversos aspectos geográficos é, também, antecipar-se a qualquer eventualidade que venha a atrapalhar o bom andamento da atividade. Outra coisa importante a ser lembrada é que o arqueólogo não "procura" coisa alguma: ele simplesmente sabe, pelo estudo do local e da cultura que tenha existido ali, seja em qual tempo tenha sido, o que é possível encontrar e onde é possível encontrar com maior facilidade.

Durante a inspeção, toda a equipe arqueóloga deve estar afinada e bem equipada. A vestimenta deve ser confortável (caso haja a necessidade de se caminhar por longas distâncias e percursos difíceis), resistente (para que possa enfrentar obstáculos sem danificar-se), de coloração clara (para evitar absorção de calor e ataque de insetos) e deve proteger, em especial, as pernas e a cabeça do individuo (caso seja necessário caminhar dentro de vegetações fechadas, etc.). Além do vestuário, a equipe deve estar atenta aos equipamentos como mapa, bússola, GPS, cantis com água (muita água), máquinas fotográficas, rádios e/ou telefones celulares, lanternas, facões, pinceis, cadernetas de anotações e caneta/lápis, pilhas, kit de primeiros socorros, etc. Cada situação deve ser pensada e prevista. Quanto menor for a possibilidade de deparar-se com o inusitado, maior é a chance de sucesso da equipe. Lembre-se do ditado: "confie em Deus, mas amarre seu camelo".

Após a preparação e a visita ao local, realiza-se a etapa seguinte da atividade arqueológica: a confecção dos relatórios. Independente de ser uma atividade de iniciativa privada, pública, acadêmica ou própria do arqueólogo e sua equipe, sempre haverá a necessidade de se fazer um relatório. O ideal é que seja um relatório para cada visita realizada. Se forem realizadas quatro visitas, serão quatro relatórios e um relatório final, o qual englobará tudo o que foi observado, encontrado e não encontrado, bem como explicações, apontamentos, ressalvas e a conclusão do projeto/pesquisa.

Se for um trabalho realizado em virtude de um negócio que envolva a modificação qualitativa e quantitativa da região a ser pesquisada (ex: represamento, extração de bens minerais, projetos de urbanização, construções em geral, etc), o relatório final deste projeto deverá conter, além de todas estas informações anteriormente citadas, dados sobre o que fora encontrado, sua importância dentro do quadro cultural da sociedade, bem como os possíveis impactos diretos e indiretos do empreendimento sobre a integridade do sítio encontrado. Tal relatório servirá como norteador da realização do empreendimento, ditando sua possibilidade, impossibilidade e/ou as modificações que o projeto deverá apresentar para que haja a preservação do sítio, e isto, é claro, se não for o caso de se realizar um resgate arqueológico do que fora encontrado (se for encontrado).

Nenhum comentário: